Mulheres e Movimentos 
 
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Apresentação


As fotos contidas neste livro retratam uma parte da minha história, vivida entre os anos de 1989 e 2002. São todas em preto e branco; minha linguagem preferida como fotógrafa. Seus matizes estão nos cinzas, nas lembranças de quem viveu estes momentos e na imaginação de quem não os viveu.

A história desse livro começa em 1989, quando fotografei o VIII Encontro Nacional Feminista em Bertioga, em São Paulo. Eu não sabia para onde olhar. Eram tantas mulheres, tão diversas... Comecei a observá-las primeiro no coletivo, depois em grupos cada vez menores e, por fim, individualmente. Naquele momento, desmanchava-se o estereótipo da feminista que eu havia criado na minha cabeça. As feministas estavam em todas as classes sociais, níveis intelectuais, idades, etnias, e tinham distintas experiências de vida. Ali, descobri que era uma delas e passei a segui-las. Nós nos encontramos várias vezes. Nos encontros feministas, nas conferências da ONU, nas passeatas do Dia Internacional da Mulher, nas manifestações de rua. Eu fotografava simplesmente porque não conseguia mais deixar de fotografar, sentindo o imenso prazer de ser observadora participante dessa história.

A partir daí, as feministas começaram a ter para mim contornos mais definidos. Passei a compartilhar com elas o sonho de construir um mundo mais justo e igualitário e fizemos juntas muitos projetos. Projetos de vida, projetos profissionais, projetos pessoais e projetos coletivos. Eu realmente acreditei que poderíamos transformar o mundo e a minha maior contribuição seria registrar a nossa história com o olhar de quem estava participando dela, de corpo e alma.

Em algum momento quis devolver essa parte da minha história para as mulheres que me ajudaram a construí-la e encontrei como grande parceira Claudia Bonan que, por meio de seus textos, criou com poesia e precisão o fio condutor que amarra, em uma história única todas essa mulheres com todas as suas histórias. Assim surgiu a idéia do livro Mulheres e Movimentos. A ela foram se incorporando outras mulheres que deram forma ao livro: Denise Dora, que viabilizou o apoio da Fundação Ford para a pesquisa; Heloísa Buarque de Hollanda, que desde o primeiro momento me fez acreditar que eu estava realizando um grande projeto; Sonia Alvarez, que com sua generosidade sempre teve mais elogios do que críticas a fazer; Bia Sasso, que com seu rigor estético foi responsável pela digitalização dos negativos e que, junto com Wilson Barbosa, fez o tratamento das imagens e, finalmente, Vera Bernardes, que traduziu o que queríamos dizer com o seu belíssimo projeto gráfico.

Quem são essas mulheres que com seus rostos, sorrisos e utopias inspiraram este livro? Algumas eu conheço de vista, outras de nome, algumas eu nunca mais vi e outras encontro de vez em quando. A elas, eu quero dedicar este livro e agradecer o enorme prazer que senti em fotografá-las. Prazer igual ao que senti quando descobri que, com o simples apertar de um botão poderia guardar para sempre uma fração de segundo que me emocionava. Eu tinha seis anos e uma mulher me ensinou a fotografar com a sua câmera. Essa mulher é minha mãe, Carminda, a quem devo o prazer de fotografar. A ela, eu quero dedicar essa parte da minha história.

Claudia Ferreira


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